quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CRIADOURO DE AEDES AEGYPTI



Sabe-se lá quando será a reinauguração da Praça Isaltino Pereira (Botucatu - SP), pois já tem um ano desde a "devastação" e retirada das árvores naquela triste manhã de dezembro. Naquele momento disseram que estavam cortando as árvores para serem plantadas árvores nativas. Outros disseram que era para reparo de pontes. A primeira desculpa é bem interessante, pois agora plantaram algumas palmeiras por lá, bem nativas. A segunda desculpa, não menos interessante, engraçada, pois é só dar uma volta pelos arredores da cidade que encontraremos milhares de eucaliptos, nem precisava tirar da praça.
Agora o mais interessante, cômico, até, é o gasto para fazer algo que apenas carecia de uma pequena reforma: R$ 381.000,00 - bela cifra. Mais interessante que isso é só passar por lá e ver o imenso criadouro do mosquito da dengue, uma fonte. Em plena campanha e combate a Dengue em todo o país, em nossa cidade inauguraremos uma grande fazenda de criação do mosquito. Inclusive, pelo que tem chovido, a piscina já está cheia de água limpa, perfeita para a proliferação das larvas.
Bem, agora é só aguardarmos a banda para a inauguração, mas com muito cuidado, pois descobriram recentemente que aquilo é uma rotatória, então não pode ter banco e nem acesso. Cara esta rotatória, não? E a inauguração, vai custar quanto?

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

AGORA SIM... FELIZ NATAL



Olhem meus amigos e visitantes, adoro esta letra e resolvi postá-la aqui como uma mensagem de Boas Festas, aliás meu desejo é que todos tenhamos Boníssimas Festas...


"Sueña, con un mañana, un mundo nuevo debe llegar

Ten fé, és muy posible si tú estas decidido

Sueña, que no existen fronteras, y amor sin barreras

No mires átras

Vive, con la emoción de volver a sentir,

A vivir, la paz

Siembra, en tu camino, un nuevo destino

Y el sol brillará, donde las almas se unan en luz

La bondad, y el amor renacerán

Y el día que encontremos

Ese sueño cambiará, y no habra nadie que destruya

De tu alma la verdad.

Sueña, sueña..."

(Luis Miguel)

domingo, 19 de dezembro de 2010

INFELIZ NATAL

Hoje pela manhã saí para uma caminhada. Domingo ensolarado, bom para colocar os passos em dia, sem nenhum constrangimento de preparar o corpo para as festas de final de ano. É bom ir caminhando, vendo a paisagem, mesmo que urbana.
Portas entreabertas, janelas mostrando o interior de lares, jardins exibindo ornamentos de Natal. Falta bem pouco para a festa de Natal.
Estava absorto em meus pensamentos, quando vi algumas crianças passando pela calçada, todas a mostrar os benefícios de suas novas bicicletas. Um deles dizia sobre os amortecedores, outro as cores da sua, outro ainda falava o quanto seu pai havia pago pelo presente. Eram apenas crianças, pelo aspecto de idade inferior a 10, 11 anos.
Parei por um instante, fingindo arrumar meu tênis, só para observar mais alguns segundos. Diziam que era o presente de Natal a sempre tão sonhada bicicleta de tantas gerações. Como um relâmpago me veio em mente que hoje ainda é dia 19 de dezembro. E lá iam aquelas crianças felizes com suas bicicletas novas, felizes pelo presente, sem saber que seus pais roubaram delas a infância.
Dia destes ouvi um pai dizendo que seu filho precisava saber que ele tinha comprado aquele presente caro, talvez sem saber que pode comprar o presente caro, mas certamente não poderá devolver a seu filho a infância subtraída. A fantasia desfeita.
A fantasia auxilia e faz parte do desenvolvimento humano, é parte integrante de todos nós. Alguns pais se esquecem disso, na ânsia de demonstrarem seu poderio econômico. Alimentar algumas fantasias, enquanto é possível é muito importante, é uma forma de a criança aprender a abstrair.
Os contos de fadas, são uma forma de fantasia, de lidar com a realidade de uma forma mais gentil. O Papai Noel é uma forma da criança olhar para a fantasia da gentileza de um bom velhinho que traz presentes na noite de Natal. É uma boa ilusão, é uma boa fantasia.
Não deixe que o espírito capitalista destrua a ilusão de um filho, espere o Natal chegar para dar o seu presente, ensine seu filho a esperar o tempo certo das coisas da vida. Ajude a infância permanecer viva.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

NATAL...

O Natal está chegando e bem que poderíamos refletir um tanto no que estamos fazendo com nossas crianças. Estamos tirando delas a infância, a fantasia, a alegria de ser criança. Não estamos percebendo, mas estamos enterrando a infância sem dó nem piedade fazendo com que elas antecipem fases da vida.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

UM DIA DE ATRASO...

O laço vermelho é visto como símbolo de solidariedade e de comprometimento na luta contra a aids. O projeto do laço foi criado, em 1991, pela Visual Aids, grupo de profissionais de arte, de New York, que queriam homenagear amigos e colegas que haviam morrido ou estavam morrendo de aids.
O Visual Aids tem como objetivos conscientizar as pessoas para a transmissão do HIV/aids, divulgar as necessidades dos que vivem com HIV/aids e angariar fundos para promover a prestação de serviços e pesquisas.
O laço vermelho foi escolhido por causa de sua ligação ao sangue e à idéia de paixão, afirma Frank Moore, do grupo Visual Aids, e foi inspirado no laço amarelo que honrava os soldados americanos da Guerra do Golfo.

Inspirado no laço vermelho:
O laço rosa se tornou símbolo da luta contra o câncer de mama.
O amarelo é usado na conscientização dos direitos humanos dos refugiados de guerra e nos movimentos de igualdade.
O verde é utilizado por ativistas do meio ambiente preocupados com o emprego da madeira tropical para a construção de sets na indústria cinematográfica.
O lilás significa a luta contra as vítimas da violência urbana.
O azul promove a conscientização dos direitos das vítimas de crimes e, mais recentemente, o azul vem sendo adotado pela campanha contra a censura na internet.

Além da versão oficial, existem quatro versões sobre sua origem. Uma delas diz que os ativistas americanos passaram a usar o laço com o “V” de Vitória invertido, na esperança de que um dia, com o surgimento da cura, ele poderia voltar para a posição correta. Outra versão tem origem na Irlanda. Segundo ela, as mulheres dos marinheiros daquele país colocavam laços vermelhos na frente das casas quando os maridos morriam em combate.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

SUBJETIVIDADE DO PROCESSO: REFLEXÕES TERAPÊUTICAS

Ao partir da periferia da vida de alguém rumo ao seu centro invoco, como analista, a capacidade do outro de encontrar em si o que lhe pertence: o processo. Processo que, como processo que é, faz da descoberta algo potencialmente eficaz nas escolhas norteadas invariavelmente pelas angústias. Angústia, dor de quem busca, nos encontros interiores e dores latentes, as verdades das quais necessitamos para viver a vida escolhida.
Quem dera escolhas não fossem angustiantes, posto que angústias prenunciam dores, mas é na dor que notamos nossas fragilidades. Fragilidades que, olhadas de perto, mostram a força necessária para reconhecê-las. Reconhecimento, ato nobre e digno da introspecção, feito auxílio de si mesmo, denotanto ato feito vida de olhar as entranhas.
Entranhas e vísceras, estranhas e míseras formas assumidas de ser buscador a ferro e fogo no fogo da vida que há e existe como força motriz, forjando o estado do indivíduo de criar um outro ser existente em mescla de roupa e fantasia. Roupa, que é fantasia do por vir, o vir a ser individual e coletivo, à mostra desnuda em pele e pelo, recoberta de projeções, objeções.
Isto é a vida, é a vida dentro do processo de análise. Vida que brota na subjetividade do reconhecer a si mesmo.

(imagem do quadro Las Meninas, de Pablo Picasso, 1957)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

POLITICAMENTE CORRETO ?


O Conselho Nacional de Educação (CNE) em um parecer publicado no DOU (Diário Oficial da União) da última sexta-feira, 31, sugere que a obra "Caçadas de Pedrinho", do respeitável Monteiro Lobato, não seja mais distribuída na rede pública de ensino. A certa altura do conto, Lobato se dirige à Tia Anastácia de maneira racista, isto tudo segundo o parecer do CNE.
Educar é preciso, sim, mas sem destruir a história, posto que julgar os costumes de uma época me parece por demais desolador. Creio, sempre, na educação reflexiva, aquela em que oferecemos ao outro a possibilidade de pensar e poder discernir em formas melhores de ação, partindo do referencial do momento em que algo foi escrito.
Com a "boa" intenção de não forjar pessoas preconceituosas, pode-se estar fomentando uma espécie de preconceito às avessas. Não se pode sair por aí acreditando que uma obra-prima da literatura infanto-juvenil brasileira possa colocar em dúvida o pensar do século XXI, isso é tão absurdo que me soa como piada de mau gosto.
A literatura reflete, como disse, os hábitos e costumes de uma época, não podemos negá-los. Podemos, devemos, isto sim, aproveitar para discutir como eram as atitudes, para olharmos como são e podermos preparar indivíduos cônscios de seus papéis na mudança do vir a ser do coletivo. Busca-se, assim, uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais humana, menos preconceituosa.
A Bíblia, sob o mesmo prisma do CNE, é carregada de relatos extremamente preconceituosos. O que faremos? Retiremos a Bíblia das catequeses e evangelizações? Será que o caminho da educação é este? Educar não é ampliar horizontes? O que estamos ensinando às nossas crianças? Será que o caminho é mesmo a censura e não a discussão?
Os defensores da censura dizem que "é preciso passar valores positivos". Desde quando há algo de positivo na censura? Em nome do politicamente correto, corremos o risco de nos tornarmos politicamente intransigentes...
E agora, José?

domingo, 31 de outubro de 2010

BABADO FORTE

Fãs do programa infantil "Vila Sésamo" enxergaram insinuações de que o personagem Beto se declarou gay após comentário no Twitter.

A página oficial da série da rede pública PBS, sob a assinatura do garoto Beto, publicou em junho que o cabelo dele se parecia com o do ator Mr. T (o sargento B.A. de "Esquadrão Classe A"). O programa planejava fazer uma sátira do remake.

"A única diferença é que o meu é mais 'mo', um pouco menos 'hawk'", escreveu.

A palavra "mohawk" pode ser traduzida por estilo moicano, em português.

Segundo o jornal "Los Angeles Times", blogueiros viram a expressão "mo" como uma gíria para homossexual.

Em 31 anos de "Vila Sésamo", a emissora defende que nada sugere que ele e seu amigo Ênio sejam mais do que amigos que vivem juntos e dormem lado a lado em pijamas listrados parecidos.

Na temporada mais recente, "Vila Sésamo" teve como participantes os comediantes Neil Patrick Harris e Wanda Sykes, abertamente gays.

Ellen Lewis, vice-presidente de comunicações do Sesame Workshop, disse ao jornal que o programa não está tentando se aproximar de espectadores gays.

"Sempre convidamos uma variedade de celebridades para aparecer. Honestamente, a ideia de que alguém ia interpretar [essa temporada] dessa maneira nunca passou pelas nossas cabeças."

Anteriormente, ela já havia negado o relacionamento entre Ênio e Beto. "Eles são bonecos, não humanos."

(transcrito do site de notícias BOL)

Estive fazendo uma avaliação desta relação e... acho que tem algum fundamento. Enio e Beto, apesar da declaração de Ellen Lewis de serem bonecos, podemos avaliar que é bem provável, eles oferecem todos os indícios.

E viva a pós-modernidade das relações. Se a moda pega, eles acabam virando ícones dos homossexuais, como o Tink-wink, dos Teletubbies.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

TUPINAMBIS MERIANAE


Tem um jardim grande aqui em casa, com direito a fonte e carpas. Não temos pássaros em gaiolas, as árvores atraem muitos passarinhos que cantam desde o amanhecer até o fim do dia. São bem-te-vis, pardais, rolinhas, canários, andorinhas, quero-queros, beija-flores. Tem gente que compra passarinhos, mas aqui eles simplesmente aparecem de revoada. Bem-te-vis, rolinhas e beija-flores gostam de tomar água na fonte, já os pardais vêm no fim da tarde prá tomar banho e refrescar do calor, ou prá se ver no espelho.
Também tem lagartas, mas é preciso conviver com algumas delas para ver as borboletas, mesmo que elas devorem os coqueiros, algumas até sobrevivem aos nossos ataques. Aqui já apareceu um bocado de bicho.
Outro dia foi um sapo, enorme e gordo, que saltitava pelo jardim. Pûs ele prá correr. Pererecas, às vezes aparecem no jardim, também, mas elas gostam de entrar em casa, não sei fazer o quê.
Tivemos uma galinha d'angola, a Gigi, mas ela era urbana demais, não queria ficar no jardim. Seu lugar preferido era um banco na varanda, de vez em quando dava uns bordeios por dentro de casa. Ousada que era, acabou indo para o sítio de uma amiga e mesmo lá, entre as colegas de sua espécie, ainda acreditava que era gente. Só andava atrás das pessoas, ignorando as companheiras.
De gosto temos uma cadelinha, Suky.
Agora nos apareceu um visitante novo: Tupinambis Merianae, mais conhecido como Teiú. Um lagarto da fauna brasileira que resolveu dar o ar da graça também no nosso jardim. Fotografei ele, prá ninguém ter dúvida! Tirei várias fotos... até ele sumir em meio a perseguição deste paparazzi de plantão. Acho que ele entrou no depósito, mas não entrei lá prá ver.
Assim como os outros que vieram e se foram, o tal Teiú está andando por aí, qualquer hora reaparece no jardim (a foto é ele, agora a tarde).

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DIA DA CRIANÇA DIFERENTE









Hoje resolvi escrever sobre o dia da criança de forma diferente... escrevendo para as crianças, que fomos, para refletirmos nas crianças, que temos para cuidar!!! Espero que gostem da viagem.




domingo, 3 de outubro de 2010

HUMILHANTE


Estou, como milhares de pessoas, acompanhando o resultado das eleições. É humilhante ver como nossa população é irresponsável e despreparada para ser bem governada. É humilhante ter uma criatura destas representando-nos. Neste momento o tal Francisco Everardo, vulgo Tiririca, está com o dobro de votos de uma das maiores autoridades de educação do Brasil: Gabriel Chalita. Ao invés de elegermos mais "chalitas", a população do estado mais rico da nação prefere votar numa pessoa sem qualquer preparo ou cultura, nem tampouco educação, um oportunista, uma pessoa sem qualquer projeto sério, fruto da mídia que projeta qualquer coisa.
O cara diz que é cantor, numa prova de afronta a quem realmente canta; se declara humorista, o que deve ser uma piada; acredita ser palhaço, coitado!
Ah, Gabriel, Deus o proteja e o faça cada vez mais lúcido e inspirado para auxiliar nosso país a melhorar a sua educação para que, num futuro próximo, as pessoas saibam que votar é algo sério, é algo responsável!
Felizmente você, Gabriel, está sendo eleito nosso deputado, um legítimo representante, alguém que realmente pode fazer a diferença.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ONDE ISSO VAI PARAR ?

Numa análise rápida, poderíamos afirmar que o jovem aí ao lado sofre de uma espécie de "transtorno de personalidade narcisista", mais precisamente o "narcisismo situacional adquirido", que aparece principalmente em indivíduos que experimentam o sucesso muito rápido.
O poder do sucesso lhes sobe à cabeça, fazendo com que sintam-se superiores aos outros (basta lembrar o que ele disse aos outros jogadores recentemente, quando começou toda a polêmica maior em torno dele). Personalidade instável, irritadiça, explosiva, tudo por conta de não ser atendido em suas solicitações, como se o mundo estivesse a seu serviço.
Indivíduos com este transtorno, apresentam uma falsa imagem imponente de si mesmos para esconder dolorosos sentimentos de vergonha, menos valia e inadequação. Embora a psicoterapia possa ajudar, ela é limitada, pois estes indivíduos, até mesmo pelo transtorno, quase nunca se permitem ser analisados, posto que se acreditam superiores a estes eventos e transtornos.
A ajuda só terá alguma eficácia a longo prazo, e estes indivíduos necessitam de acompanhamento por tempo indeterminado, necessitando, por vezes, de programas específicos para poderem se perceber em seu vazio interior. O mais provável, de início, seria uma terapia cognitivo-comportamental, onde o indivíduo passaria por uma recognição, assim poderia aprender a lidar com situações adversas em que surgem o comportamento inadequado. A seguir entraria num processo de aprofundamento em uma abordagem mais profunda (psicanalítica ou analítica), podendo trabalhar questões de origens e subjacentes ao seu problema.
Acredito que o cidadão em questão deva, o mais rápido possível, entrar em tratamento para que não se torne uma nova versão do goleiro Bruno, pois com toda a sua inadequação e senso de merecimento, o tal Neymar pode acreditar que pode tudo, até mesmo arbitrar sobre a vida do outro.
Por falar nisso, a diretoria do Santos já começou um processo de alimentação do narcisismo situacional adquirido quando demitiu o técnico, fortalecendo assim a inadequação do Neymar.
Assim, podemos imaginar onde isso pode acabar. Logo todos estarão a serviço dele, alimentando assim o seu sentimento de superioridade e a total indiferença pelos sentimentos dos outros.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SUPER NOVIDADE
















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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

UM POUCO DE PSICOLOGIA E RELIGIÃO




Certa feita uma aluna me perguntou se eu tinha religião. Segundo ela, psicólogo não tem religião! Dia destes me peguei a ler alguns textos, passagens de escritores profundos, algumas escrituras sagradas que evocam o sacrário de cada um de nós. Busco sempre explicações plausíveis para a falta de sensibilidade e conhecimento de alguns.

Sei dizer que esta discussão entre religião e psicologia se faz presente desde sempre, e desde sempre busca uma resposta. Tenho a minha. Penso nas duas como complementares ao ser humano, posto que complementam o ser humano. O ser, este nunca pensado, pois onde se pensa é exatamente onde não é, este é o ser da psicologia.

Feito essência se faz ser psíquico, mas feito alma se faz ser religioso. Aquilo que a religião olha é o ser em sua integralidade, porém a psicologia o olha em sua parcialidade dos recônditos do psiquismo, do inconsciente. Inconsciente é o depósito de tudo quanto somos sem saber, sendo lá a infinitude de ser, mesmo sem saber.

Psicologia e religião se religam entre alma e essência, entre consciência e inconsciência. A exatidão de tudo, se formos tudo, nos mostrará o tecer das bainhas de nossas vidas costuradas a outras bainhas, pois só é o que não somos.

Ao consultarmos algumas passagens bíblicas constamos o óbvio: muitos princípios utilizados pela psicologia lá estão. Quem tem bom senso reterá as palavras até o momento oportuno, dito assim no livro do Eclesiástico, nos mostra a clareza de termos a alma elevada e atenta. Se temos êxito na busca ponderada, isto nos mostrará o verdadeiro equilíbrio existente sob a luz daqueles que pensam antes de agir, sendo este um conceito da psicologia.

Jung afirmava que “cada vida é um desencadeamento psíquico que não se pode dominar a não ser parcialmente”.

Psicólogo tem religião, sim. O que psicólogo não deve, isso sim, julgar a religião do outro que o procura, atendo-se tão somente a contribuir em suas reflexões acerca do estado espiritual de cada indivíduo feito paciente. Isto posto, mostra um tanto que ambas as esferas do arcabouço do ser humano podem, e devem absolutamente, caminharem lado a lado, sem se perderem em instâncias subalternas.

Nas esquinas da humanidade existem confluências e cruzamentos de conduções e convenções necessárias, mesmo sendo desnecessárias nalguns momentos, como a terceira perna de Clarice Lispector. Voltar a ser alguém que nunca fomos, posto que a ausência inútil de uma terceira perna nos faz encontráveis nos desencontros.

Não vacilarei, de geração em geração não serei infeliz (Salmos 10, 6). Ao buscarmos a noção exata daquilo que somos, nossa única forma de ser, será o encontro do estado de felicidade, basta dispor das terceiras pernas existentes em nossas vidas. Inúteis, embora necessárias ao aprendermos andar sobre duas pernas. Temos duas pernas, desejamos ser felizes.

Psicologia e religião, complementos visando o melhor do ser humano.

domingo, 29 de agosto de 2010

MORRE LENTAMENTE...



(Pablo Neruda 1904-1973)

"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos; quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com alguém que não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, os corações aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com seu trabalho, ou amor; quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho; quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje!

Não se deixe morrer lentamente!

Não se esqueça de ser feliz!"

Dedico este texto a todos que se interessam em ser feliz, de verdade, de corpo e alma; aos que sofrem por amor, mas não deixam de amar; aos que buscam e arriscam, pois têm como meta encontrar e realizar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ALMOÇO COM AS ESTRELAS




Ontem foi dada a largada na TV e Rádios de todo o país para a propaganda eleitoral gratuita, que de gratuita não tem nada, pois muito se deixa de faturar para oferecer um verdadeiro show de coisas bizarras.

E por falar em coisas bizarras, ontem ao assistir ao dito programa me lembrei do Airton e da Lolita Rodrigues, que ao menos eram originais ao apresentarem seus artistas em seu programa.

Tinha show de variedades, tinha, tinha diversão, tinha, tinha gente sem eira nem beira, tinha... Então acho que o Horário Eleitoral Gratuito é uma espécie de fashback do Almoço com as Estrelas.

Ontem teve show de variedades, teve diversão – muita, gente sem eira nem beira, aos montes. Só não foi engraçado por serem candidatos a cargos que irão dirigir nosso país nos próximos anos, tem até um que disse que não sabe o que vai fazer lá, mas vai!

Onde vamos parar com esse show de gente bizarra?

Que medo!!! Faltou só o Padre Dá Medo!!!


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ELEIÇÕES 2010














Amanhã, 17 de agosto, começa o horário político na TV e no Rádio. Durante mais de um mês teremos que ouvir as mesmas pataquadas de sempre e acreditar que eles realmente são sinceros, é interessante.
De um lado o cover do Cauby Peixoto, do outro o Mr. Burns. Mas vamos ter que engolir um dos dois depois de outubro, pelo que tudo indica um deles será eleito. A nós, caberá acreditar nas propostas deles e de outros, menos expressivos.
Ainda não sei em quem votar, mas terei que me decidir por uma proposta, pode ser que seja um deles, ou um outro qualquer da lista de interessados no trono de Brasília. Vivemos tempos difíceis.
Ao menos hoje, diferente do tempo dos militares, ainda podemos respirar sem pedir licença, ao menos agora podemos falar sem correr tantos riscos. Vamos pensar, refletir e depois... votar!

domingo, 8 de agosto de 2010

DIA DOS PAIS

Um dia nos imaginamos no futuro, como seremos, o que faremos, o que teremos. Como muitos, um dia imaginei-me no futuro, como seria como pai, como seria esta fase da vida.
Claro, aconteceu: sou Pai! É um orgulho poder ser pai e sentir-se abençoado por poder exercer este papel dos mais maravilhosos que Deus nos dá, e a responsabilidade também.
Ser pai é poder acreditar que um dia seus sonhos se relizarão, e se realizam. Hoje, como há 18 anos, comemoro mais um dia dos pais, um feliz dia dos pais. Hoje, como em nenhum destes 18 anos, comemoro um dia dos pais diferente, realmente um feliz dia dos pais.
Estou São Paulo neste momento. Vim trazer meu filho para iniciar a vida, fez 18 anos, agora é a sua vez de ganhar o mundo. Estudar, trabalhar, amadurecer, crescer, virar homem me dar mais orgulho ainda.
É difícil ser pai, mas é uma arte também, é uma forma de provar o amor todos os dias. Dizem que hoje é muito difícil ter um filho, mas discordo disso. É difícil se não se está preparado para dizer os nãos necessários, é difícil se não se está convicto da tarefa de ajudar alguém a tornar-se um homem de verdade.
Não acredito que seja difícil ser pai. O difícil é ser pai e compreender. O difícil é ser pai e atender sem ceder, é saber a medida certa entre o atender e o ceder.
Dizem que as mães são importantes na vida de um indivíduo, até certo ponto concordo com isso. Mas não posso deixar de lado a importância de ser um pai com qualidade, com responsabilidade, com vontade de tornar um bebê, como o da foto, em um homem. A foto acima foi tirada por mim em 1992. Este é meu orgulho, filho amado, que faz com que eu possa realmente ter um Feliz Dia dos Pais. Mateus que, em algumas definições aparece como presente de Deus. Acredito totalmente nisso: é meu presente de Deus.
Obrigado, meu filho por me permitir exercer meu papel! Obrigado meu filho, por me permitir amar e ser amado! Deus nos abençoe sempre.

Feliz Dia dos Pais a todos que verdadeiramente amam seus filhos, e fazem do ato de ser pai uma profissão de fé.

domingo, 25 de julho de 2010

É FANTÁSTICO !

Estou aqui, certamente como milhares de brasileiros, assistindo ao Fantástico. Programa que encerra o final de semana de muitos de nós, brasileiros e brasileiras. No ar há décadas, o programa está se superando, em matéria de desgraça.
Há quase 2 horas nenhuma notícia minimamente agradável. Nada! Vizinhos se engalfinhando, caso de assassinato sem corpo, psicopatas soltos pela justiça continuam matando, esporte sem esportividade, atropelamento e morte de jovem, lixo da humanidade matando animais... Nossa, será que só tem desgraça no mundo?
Ufah!!!!
Bem que poderia mostrar mais sobre tecnologia, ecologia, demonstrações de paz, propostas de saúde... Algo que realmente valesse a pena assistir, para adormecermos com tranqüilidade para começarmos uma semana bacana.

sábado, 17 de julho de 2010

LEI DA PALMADA


Esta semana o presidente Lula enviou para o Congresso um projeto de lei que proíbe qualquer tipo de castigo físico, inclusive aquela palmadinha básica que coloca limite em crianças e adolescentes. Não sou conhecedor do direito, mas não creio que seja função do Estado interferir nas questões de família. Não me parece que uma lei como esta colabore na educação de nossos filhos, muito ao contrário ela interfere na educação que cada um estabelece dentro de sua família.
Todos nós, de gerações anteriores, levamos algumas palmadas quando crianças e até adolescentes, mas não conheço ninguém que tenha ficado irremediavelmente traumatizado. Deixo claro que não sou favorável à violência, nem aos maus tratos, mas um tapinha aqui e acolá podem ajudar a impor limites.
Há uma diferença entre tortura e limite, isso sim não dá para aceitar - como a tal procuradora aposentada que torturava a criança de 2 anos, apenas 8 anos para quem é um conhecedor da lei é pouco. É papel do Estado fazer cumprir a lei de forma irrevogável e correta, sem permitir que seja burlada, porém a invasão do Estado na vida das pessoas...

terça-feira, 13 de julho de 2010

INVERSÃO DE VALORES

Valores! Definitivamente os valores estão completamente invertidos, uma pena. Recentemente fomos surpreendidos com as notícias do chamado "Caso Bruno", que na verdade mais parece enredo de um filme de gangsters. Ele, o tal Bruno, chefe de uma quadrilha de psicopatas, disse, segundo um "di menor" que acompanhou tudo, que era para dar um jeito na mulher que afirmava ter um filho dele.
Tudo errado!
Não o crime em si, mas os valores envolvidos, sempre me fazem refletir nas responsabilidades.
Basta ver a quantidade de mocinhas que acompanha os treinos de futebol, a procura de um jogador que dê atenção à elas e, quem sabe, tenha um relacionamento fortuito, preferencialmente gerando um filho. As chamadas "Marias Chuteiras", buscando ganhar a vida de maneira fácil, com pouca diferença da tida como a mais antiga profissão do mundo (sem falar nas modelos manequins, que desfilam pelas sarjetas). Não são diferentes da quantidade de garotos que buscam nas carreiras de futebol um lugar ao sol, com muita grana, fama, carrões, entre outras coisas que o futebol pode proporcionar.
Fico imaginando como fica a cabeça de alguém, sem preparo como a maioria, que em um dia não tem o que comer, no outro ganha tanto dinheiro que acredita que pode tudo. Os valores se invertem.
Esta história com requintes de crueldade é apenas a mostra de outras tantas que podem surgir, mas que aplaudimos e acreditamos que foi episódio único. Pais responsáveis em certa medida por isso, pois incentivam seus filhos aos ganhos fáceis pela já ultrapassada "Lei de Gérson" - leve vantagem você também. Muitos querem ser, mas a maioria quer apenas ter, é a sociedade do você vale pelo que você tem.
O dinheiro, para algumas pessoas, pode comprar tudo. O tal Bruno não é diferente do pagodeiro que também matou, estava bêbado, o outro se envolveu com o tráfico, o cantor sertanejo também matou. Pessoas desestruturadas que ganharam dinheiro, fama e acreditaram que podiam tudo.
O Bruno, criminoso da vez, nos faz esquecer da Richtofen, do Nardoni, pois achamos que já tinhamos visto toda a crueldade de filhos desestruturados. Mas não, o Bruno vem nos mostrar que ainda estamos caminhando a largos passos.
Quantos psicopatas soltos por aí, sem que identifiquemos com antecedência, para evitar que cometam estes desatinos.
É hora de pararmos e analisarmos as nossas responsabilidades na valorização de pessoas sem estruturas só porque cantam ou jogam bola. Acredito que seja hora de percebermos que os valores estão cada vez mais invertidos e estamos reféns destes psicopatas.
Matou, escarneou, deu para os cachorros. Triste alerta este.

terça-feira, 6 de julho de 2010

PAIS REFÉNS

Atualmente é assim... os pais têm tanto medo das drogas, da violência do suicídio, entre outras questões que acabam concedendo tudo, ou quase, aos seus filhos. Intrigante pensar até onde estes pais pensam ou querem chegar, se é que vão chegar.

Educar um filho é muito mais do que simplesmente conceder tudo quanto eles querem, aliás dizer não é a melhor educação que se pode oferecer.

PEDIDOS DE UMA CRIANÇA (Chalita, 2001)

- Não tenham medo de ser firmes comigo. Prefiro assim. Isso faz com que eu me sinta mais seguro.

- Não me estraguem. Sei que não devo ter tudo que peço. Só estou experimentando vocês.

-Não deixem que eu- adquira maus hábitos. Dependo de vocês para saber o que é certo ou errado.

- Não me corrijam com raiva nem o façam na presença de estranhos. Aprendo muito mais se falarem com calma e em particular.

-Não me protejam das conseqüências dos meus erros. Às vezes, eupredso aprender pelo caminho mais áspero.

- Não levem muito a sério as minhas pequenas dores. Necessito delas para obter a atenção que desejo.

—Não sejam irritantes ao me corrigir; se assim fizerem, eu provavelmente farei o contrário do que pedem.

- Não façam promessas que não poderão cumprir, lembrem-se de que isso me deixará profundamente desapontado.

- Não ponham muito à prova a minha honestidade. Sou facilmente tentado a dizer mentiras.

- Não me mostrem Deus carrancudo e vingativo; isso me afastará Dele.

- Não desconversem quando faço perguntas, senão procurarei na rua as respostas que não tive em casa.

-Não me mostrem pessoas perfeitas e infalíveis. Ficarei muito chocado quando descobrir nelas algum erro.

- Não digam que não conseguem me controlar. Eu julgarei que sou mais forte que vocês.

-Não digam que meus termos são bobos, mas ajudem-me a compreendê-los.

- Não me tratem como pessoa sem personalidade. Lembrem-se de que tenho meu próprio jeito de ser.

-Não me apontem continuamente os defeitos das pessoas que me cercam. Isso criará em mim um espírito intolerante.

- Não se esqueçam de que eu gosto de experimentar as coisas por mim mesmo. Não queiram me ensinar tudo.

- Nunca desistam de ensinar o bem, mesmo que eu pareça não estar aprendendo. No futuro vocês verão em mim um fruto daquilo que plantaram.

Muito obrigado papai, mamães, por tudo o que fizeram por mim.

(Educação: A solução está no afeto, Gabriel Chalita, 2001)


quarta-feira, 23 de junho de 2010

ENSAIO SOBRE A DEPRESSÃO

Fazer um relato sobre a depressão sem contudo parecer alarmista, parece-me tarefa pouco satisfatória e difícil, pois o próprio estado em que uma pessoa se encontra durante os surtos depressivos, por assim dizer, já demonstram a sua gravidade. A depressão não é, como sugerem alguns, um estado meramente causado por fatores externos, posto que suas causas têm origem em alterações psíquicas e fatores internos em que pese alguma fragmentação emocional, onde os fatores externos funcionam tão somente como agentes desencadeantes. Partindo-se do pressuposto do conceito de saúde como o estado de bem estar bio-psico-social e não apenas a ausência de doença, vê-se logo que a depressão altera a bioquímica do organismo, corrói o psiquismo do indivíduo e retira-o de seu convívio social – prova cabal da doença instalada. Nota-se atualmente aumento considerável de pessoas apresentando quadros depressivos de certa monta, porém isso não significa aumento simples de casos, mas sim maior critério na avaliação e na classificação da patologia. As chamadas Síndromes Depressivas podem ser agrupadas, de acordo com sua sintomatologia, da seguinte forma: depressão endógena, involutiva, reativa, neurótica e sintomática. Entende-se síndrome depressiva endógena os quadros onde haja pré-disposição ou fatores hereditários eclodindo, de maneira geral, com ou sem problemas de desordem emocional ou social, com tendências à recidivas em qualquer momento da vida. As depressões involutivas acometem mais as pessoas da terceira idade na andropausa e na menopausa, onde existe a curva descendente da vida. Já as depressões reativas são ocasionadas por perdas afetivas de grande monta, ou de algo significativo. As depressões neuróticas manifestam-se de maneira mais suave, embora de certa gravidade, oriundas de tristeza profunda, fraqueza global e sentimentos de inferioridade. E, por fim, os quadros de depressão sintomática, que aparecem no decurso de alguma doença física – ou psíquica.

Encontramos os Transtornos do Humor, descritos na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 (Classificação Internacional das Doenças), relacionando a depressão como um conjunto de sintomas observáveis clinicamente satisfazendo aos técnicos, porém pouco adiantando ao paciente encontrado exaurido no mais profundo de suas entranhas. Segundo relato de alguns pacientes, a depressão retira das pessoas a sua humanidade, transformando-as em um amontoado de sintomas ruins, indesejáveis e com sentimento de absoluta insignificância, sendo preferível a existência de uma doença física ao estado depressivo. A qualquer custo, a pessoa que apresenta um episódio recorrente de depressão quer se ver livre dele o mais rápido possível, mesmo que para isto apele para a transmutação da dor psíquica em física, numa transformação clara da dor subjetiva na dor objetiva. Falta amor, sobra autopiedade, numa demonstração constante de necessidade do afeto propiciando acalento e retomada da auto-estima, bastante rebaixada.

Ao adoecer-se fisicamente há a comprovação da existência de uma anomalia concreta, porém a doença mental causa desespero pela sua abstração, sendo a dor psíquica provavelmente a pior dentre as relatadas. Como descreve Adriano, a seu amigo Marco, “Dizer que meus dias estão contados nada significa! Assim foi sempre. E assim sempre será para todos nós. Mas a incerteza do lugar, da ocasião e do modo, incerteza que nos impede de ver distintamente esse fim para o qual avançamos inexoravelmente, diminui para mim à medida que progride minha mortal enfermidade” (Memórias de Adriano, Margherite Yourcenar), o fragmento aqui reproduzido demonstra o trato dado às enfermidades físicas, por estarem ali todo o tempo mostrando a sua cara, de maneira mais aparente (pode-se interpretar este trecho como o relato da depressão sintomática). Diferente disso, Lou Andreas-Salomé descreve em seu Hino à Morte a dor da perda, da própria vida, a seu bem amado, onde certamente habitará a dor psíquica (onde podemos associar a depressão reativa):

"No dia em que eu estiver no meu leito de morte
- Faísca que se apagou -,
Acaricia ainda uma vez mais meus cabelos
Com tua mão bem amada.
Antes que devolvam à terra
o que deve voltar à terra,
Pousa sobre minha boca que amaste
Ainda um beijo.

Mas não esqueças: no esquife estrangeiro
eu só repouso em aparência,
Porque em ti minha alma se refugiou
E agora sou toda tua."

Talvez seja esta a angústia profunda que assombra o deprimido, demonstrando claramente a necessidade de ser amado, reconhecidamente, mesmo após a sua morte, real e simbólica, pois em vida vislumbra muito pouco do que significam seus afetos. A depressão é, de certa forma, a incapacidade de amar a si mesmo e ao outro, como se nada mais pudesse haver após a sua chegada, nem existir antes dela. A depressão leva embora tudo quanto uma pessoa mais precisa preservar em si mesma: a auto-estima, o amor próprio, tudo quanto mais admira em sua vida, a alma enquanto essência.

Com os avanços da ciência, o paciente de depressão tem hoje a seu alcance uma gama muito grande de medicamentos que o coloca em sintonia com a realidade, devolvendo-lhe a sanidade e o discernimento. A escolha é importante ao depressivo, pois o simples fato de poder voltar a escolher entre duas coisas já o torna mais próximo de sua normalidade. Juntamente com a depressão, a sensação de depender do outro torna-se evidente, pois tarefas simples se agigantam impedindo sua realização, isto provoca momentânea incapacidade de decidir até mesmo o uso de uma roupa em detrimento de outra. A sensação de impotência, aliada a de dependência, torna as pessoas mais desgastadas emocionalmente, empurrando ainda mais sua auto-estima para baixo. A sensação descrita por algumas pessoas é a de queda livre de um penhasco, onde a morte é simbolizada pela perda de controle sobre si mesmo, fragmentando e aniquilando o eu interior.

Existe atualmente uma multiplicidade de tratamentos oferecidos aos portadores de depressão, denotando-se a visão holística ao se olhar para o paciente, que vão desde as terapias químicas e psicoterapias até as alternativas pouco ortodoxas e de eficácia questionável do ponto de vista mormente científico. Apesar disso, o paciente que vê sua vida enlutada, como se todas as horas fossem noites de trevas, busca uma luz no fim do túnel que possa devolver-lhe a sanidade perdida, não obstante a mera diminuição dos sintomas apresentados já lhe seriam de grande valia. Fatualmente é necessário levar-se em consideração que todas as alternativas são válidas, muito mais o conjunto delas, pois o paciente necessita urgentemente recuperar a si mesmo dentro de seus próprios padrões de normalidade; numa visão holística em que os fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais sejam preponderantes dentro do tratamento oferecido. As alternativas terapêuticas são necessárias, bem como a inserção da terapia química, visando a melhoria da química cerebral (por meio de seus neurotransmissores) e reequilibrando o aparelho psíquico, tornando a aceitação dos tratamentos mais consistente, com melhoria da qualidade de vida; lembrando sempre a importância do tratamento multiprofissional. Assim como a intervenção medicamentosa é importante a bem do funcionamento neurológico, o acompanhamento em psicoterapia se faz necessário, pois contribui na formação de um novo modelo de convivência ao paciente, que necessitará dele para as recidivas certeiras, numa espécie de mecanismo de auto-proteção desejável, contribuindo, inclusive, a evitar prováveis tentativas de suicídio.

“Eu tenciono te levar comigo; guiar-te-ei na região do eterno sofrimento. Ali, ouvindo gritos lancinantes, verás almas antigas, na amargura suplicar segunda morte em altos brados.”, relata Dante em A Divina Comédia. Há que se levar, sempre, em consideração a iminência do suicídio – segunda morte, tomando-se como primeira a psíquica – pois a falência psíquica poderá levar a tal ato, embora a casuística demonstre certo decréscimo na ocorrência em pacientes com acompanhamento medicamentoso e psicológico. Neste quesito é bom sempre evidenciar a necessidade de terapia química em qualquer nível de depressão, por mais adversas que possam ser as reações frente a seu uso, sintomas importantes podem ser aliviados sob tal intervenção, bem como as psicoterapias, ou terapias da fala.

Dentro do leque de alternativas para o tratamento, é importante o despertar das crenças do paciente deprimido, sendo observadas alterações significativas de humor quando são levadas em consideração as reais crenças, principalmente as religiosas. É para nós relevante perceber o quanto as crenças do paciente em tratamento favorecem a dispersão de sua atenção no tocante a continuidade dos cuidados, observando que algumas religiões preconizam o abandono do tratamento, principalmente os da ordem de transtornos mentais e de comportamento, atribuindo a tal disfunção fatores externos ao indivíduo, levando o paciente a uma recusa do tratamento proposto. Em tais casos a observação e a pontuação destas atitudes torna-se premente, sob pena de recidivas cada vez mais densas e difíceis de serem recuperadas. A recuperação de um paciente depende, quase que integralmente, do menor tempo que estiver imerso na intensidade de emoções e sentimentos de sofrimento.

Existe um sem número de alternativas no tratamento da depressão que vão desde os tratamentos mais ortodoxos aos mais esdrúxulos, mas é importante perceber que se está diante de uma doença e como tal de significado e seriedade muito mais complexa do que pode ser olhada por algumas pessoas menos avisadas. Em se tratando de uma doença cíclica, pode-se creditar alguma melhora eventual na condição geral do paciente a qualquer intervenção, mas é necessário critério na escolha do tratamento. A associação medicina, por meio da terapia química, e psicologia, com as chamadas terapias da fala e psicoterapias, ainda são as alternativas mais eficazes, podendo a elas serem acrescidos outros tratamentos complementares, mas não ao contrário. No tratamento da depressão, assim como em outras patologias, é necessário deixar o curandeirismo de lado e procurar profissionais habilitados e capacitados, pois eles poderão diagnosticar com precisão, adotando as melhores condutas e formas de intervenção.

(texto por mim escrito em 2004 e revisado em 2009 para discussão sobre o tema em aula na FSP - Avaré, onde sou docente)

domingo, 20 de junho de 2010

TRECHO DE LIVRO

"Como um adulto funcional com Síndrome de Asperger, uma coisa me preocupa profundamente sobre aquelas crianças que escolheram a segunda porta. Muitas descrições do Autismo e Asperger descrevem pessoas como eu 'não querendo contato com outras pessoas' ou 'optando por brincar sozinhas'. Eu não posso falar em nome de outras crianças, mas gostaria de ser muito claro sobre meus sentimentos: Eu nunca quis ficar sozinho. E todos aqueles psicólogos infantis que disseram 'John prefere brincar sozinho' estavam completamente errados. Eu brincava sozinho porque não conseguia brincar com outras crianças. Eu estava sozinho como resultado de minhas próprias limitações, e estar sozinho foi uma das mais amargas decepções da minha vida, quando criança. A dor aguda daqueles primeiros fracassos me seguiu durante a idade adulta, mesmo depois que eu aprendi sobre Asperger."

Este depoimento, trecho do livro "Olhe nos meus olhos" - John Elder Robison - nos leva à reflexão de quantos somos discriminados pela falta de preparo do outro. Isto nos faz atentos ao fato de que muitos profissionais utilizam-se de classificações (rótulos) para diagnosticar aquilo que nem sempre sabem. Certamente remete-nos à percepção da importância de melhor formarmos nossos profissionais.
O livro trata de uma síndrome, a de Asperger, mas bem pode ser transportado para tantas outras "síndromes" mal diagnosticadas. Claro que dá visão ao fato de que existem pessoas portadoras da Síndrome de Asperger que não são diagnosticadas, fazendo toda a diferença na compreensão delas, como no caso de outras síndromes.
Nós, profissionais da saúde, precisamos ser mais bem orientados e atentos ao fato de que para diagnosticar é preciso, antes, aprofundar e conhecer nosso objeto de estudo.
Fica aqui a dica de leitura do livro de John Robison.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

BISPO PEDIR MAIS CEDO, O MAIOR CAÇA-NÍQUEIS DO PAÍS

Como se não bastasse o bombardeio diário das barbáries da tal igreja, agora inventaram mais uma modalidade: drive thru de oração! Pois é, é a nova modalidade que a dita igreja universal encontrou para "abençoar" seus fiéis e, é claro, arrecadar mais umas moedinhas para o cofrinho do bispo. Dizem que na tal paradinha a benção sai por apenas R$ 50,00, que são pedidos como contribuição para as obras de caridade do bispo Mancebo.
Sabe que tenho pena de Deus, que precisa encontrar uma forma de defender-se destes picaretas de plantão que falam, e profetizam, em Seu nome. Fico a refletir quanto se paga para a tal casa da moeda por seus fiéis desesperados para conseguir um lugarzinho no céu.
Curioso é que o que eles mais atacam, imitam. Pedem dinheiro descaradamente para tirar encostos e outras entidades, fazem rituais de descarrego... logo estarão comercializando ebós e bençãos em quiósques nos shopings mais visitados. Não tenho nada contra esta ou aquela religião, mas sim com pessoas que ludibriam a fé alheia.
Mas, para quem gosta de lavagem cerebral, tem endereço certo: igreja universal!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

PIMBA NA GORDUCHINHA


Você gosta de futebol? Sim? Não? Não importa, pois todos somos afetados diariamente por ele, goste, ou não. Bem, agora, para quem gosta - e quem não gosta também - vai ter overdose de futebol: chegou a copa do mundo de futebol.
Para os aficcionados vai ter futebol pela manhã, pela tarde, mas ao acordar o jornal já vai estar lá, com as novidades da noite e madrugada. Mas não terá jogo de madrugada!!! Pois é, mas sempre eles arrumam informações de última hora, mesmo madrugada adentro. Na hora do almoço... mais futebol em todos os programas esportivos, e assim vivenciaremos 30 dias de copa do mundo.
Como disse, todos somos afetados pelo futebol, e o Falando Nisso não poderia ficar de fora e estaremos aproveitando para tirar as nossas férias, enquanto você poderá curtir o futebol pelas transmissões da Criativa FM (98,9) de Botucatu.
Mas fique ligado em nosso blog que vamos nos falando.

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sábado, 5 de junho de 2010

PHANTOM OF THE OPERA


No subterrâneo de nossa mente habita uma espécie de fantasma: nossa sombra. Ela pode ser o depósito de tudo quanto não queremos em nós mesmos, mas pode ser a fonte criadora e criativa de formas bem elaboradas de nós mesmos. O contato com nossa sombra, de maneira verdadeira, faz com que nos conheçamos um tanto mais, oferecendo-nos a possibilidade de nos tornarmos mais autênticos e verdadeiros. Nos tornamos mais seguros de nós mesmos, poupando-nos da crítica alheia.
Esta é minha versão, em imagem e palavra, de O Fantasma da Ópera - obra prima de Gaston Leroux, brilhantemente musicada por Andrew Lloyd Webber. Em alguns momentos nos expomos em emoção, escondendo a razão, noutros momentos, porém, prevalece a razão. Quem somos de fato? Melhor seria se fôssemos razão e emoção, numa mescla bem equilibrada, mas aí perderíamos a força que irrompe nossos seres em momentos de necessidade maior, em que há necessidade de sermos só um, ou outro.
O Fantasma da Ópera, somos nós mesmos, quando nos aprisionamos e tentamos aprisionar o outro aos nossos caprichos. Porém O Fantasma da Ópera também nos é familiar em seus amores verdadeiros e encantos sedutores e envolventes. Apaixonantes, assim devemos ser em nosso cotidiano, posto que mostrando nossa sensibilidade, nos mostramos também.
Muitos ainda tem medo de mostrar o rosto, medo de mostrar suas cicatrizes, cunhadas pela vida. A máscara pode encobrir, de maneira racional, o que emoções devem mostrar, mas há sempre o outro lado exposto, disposto a escancarar. Somos pluraridade, personas que convivem com o romantismo de nossa própria existência, cunhados consciente e inconscientemente por nós e pelo coletivo a que participamos e bebemos. Nossa versão de O Fantasma da Ópera se mostra sempre.

terça-feira, 18 de maio de 2010

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - principais pontos da lei Maria da Penha


1. Se aplica à violência doméstica que cause morte, lesão, sofrimento físico (violência física), sexual (violência sexual), psicológico (violência psicológica), e dano moral (violência moral) ou patrimonial (violência patrimonial);

1.1.No âmbito da unidade doméstica, onde haja o convívio de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

1.2.No âmbito da família, formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa.

1.3.Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação;

2. Se aplica também às relações homossexuais (lésbicas);

3. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor;

4.Quando a agressão praticada for de pessoa estranha, como por exemplo vizinho, prestador de serviço ou médico, continuam os velhos TERMOS CIRCUNSTANCIADOS;

5. Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

6.Informar à ofendida os direitos a ela conferidos;

7. Feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade, de imediato:

7.1. Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar arepresentação a termo, se apresentada;
7.2. Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato;
7.3. Remeter no prazo de 48 horas expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas;
7.4. Expedir guia de exame de corpo de delito e exames periciais;
7.5. Ouvir o agressor e testemunhas;
7.6. Ordenar a identificação do agressor e juntar aos autos sua folha de antecedentes;

8. O pedido da ofendida deverá conter: qualificação da ofendida e do agressor, nome e idade dos dependentes, descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida, e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida;