terça-feira, 23 de novembro de 2010

SUBJETIVIDADE DO PROCESSO: REFLEXÕES TERAPÊUTICAS

Ao partir da periferia da vida de alguém rumo ao seu centro invoco, como analista, a capacidade do outro de encontrar em si o que lhe pertence: o processo. Processo que, como processo que é, faz da descoberta algo potencialmente eficaz nas escolhas norteadas invariavelmente pelas angústias. Angústia, dor de quem busca, nos encontros interiores e dores latentes, as verdades das quais necessitamos para viver a vida escolhida.
Quem dera escolhas não fossem angustiantes, posto que angústias prenunciam dores, mas é na dor que notamos nossas fragilidades. Fragilidades que, olhadas de perto, mostram a força necessária para reconhecê-las. Reconhecimento, ato nobre e digno da introspecção, feito auxílio de si mesmo, denotanto ato feito vida de olhar as entranhas.
Entranhas e vísceras, estranhas e míseras formas assumidas de ser buscador a ferro e fogo no fogo da vida que há e existe como força motriz, forjando o estado do indivíduo de criar um outro ser existente em mescla de roupa e fantasia. Roupa, que é fantasia do por vir, o vir a ser individual e coletivo, à mostra desnuda em pele e pelo, recoberta de projeções, objeções.
Isto é a vida, é a vida dentro do processo de análise. Vida que brota na subjetividade do reconhecer a si mesmo.

(imagem do quadro Las Meninas, de Pablo Picasso, 1957)