domingo, 19 de agosto de 2012

REFLEXÕES


Estava assistindo alguns episódios da série Jonny Quest, temporada de 1964 e 1965 e notei algo curioso. Praticamente não aparecem mulheres no seriado e a amizade do Dr. Quest com o Roger lembra muito um casal homo afetivo. Dr. Quest, assim como a maioria dos homens que aparecem, sempre bem vestidos em ternos bem cortados e gravatas, já o Roger, agente protetor da família Quest, sempre trajando roupas fashion. Não obstante, há até mesmo um garoto adotado pelo Dr., o Radji (uma alusão aos fatos por vir?). Interessante refletir como as relações homo afetivas, por assim dizer, sempre apareceram de maneira subliminar nos seriados norte americanos da década de 60 (lembram do Batman e Robin?, já escrevi sobre isso aqui em algum momento), de maneira sutil me parece que já havia um questionamento sobre a sociedade tão fechada e recoberta de "moralismo". Acho que vale a pena refletir e observar, é apenas um olhar, pois os seriados funcionam, creio, como uma espécie de contos de fadas moderno, nos quais há sempre uma reflexão como pano de fundo e algum tipo de informação sendo passada.

domingo, 12 de agosto de 2012

DEPOIS DE TANTO TEMPO... RESOLVI ESCREVER



Meu pai não me viu adolescer, não teve muito tempo para isso. Motivos diversos, oriundos de uma separação que deixou a todos sequelados e “ressentidos”, como diz a psicanálise.
Meu pai não me viu crescer como homem. Vimos a distância crescer e nem nos demos conta dela, não percebemos que a vida também cobraria sua conta.
Meu pai não me viu ser pai, o tempo caminhou e, cedo, a vida lhe cobrou os exageros. Pouco antes dos 50 ele se foi, deixando a todos órfãos de pai: 5 filhos.
Meu pai não me viu em tantos momentos de vida. Não esteve junto quando poderia, deixou-nos quando não deveria. Não me viu tornar-me psicólogo, mas achou curioso quando entrei para fazer psicologia.
Meu pai não me viu ser reconhecido como profissional, mas sei que teria gostado de me ver trabalhar na imprensa, lugar em que sempre teve orgulho de atuar.
Meu pai não teve tempo de me ensinar a ser pai, mas acho que isso a gente só aprende sendo pai. Mas aprendi, de alguma maneira, a estar ao lado de meu filho.
Meu pai me levava para os jogos de final de semana, me levava no cinema aos domingos para assistir desenhos. Meu pai me ajudava a construir postos de gasolina, recortando cuidadosamente as partes de isopor com faca quente. Depois nos deliciávamos iluminando cada compartimento com lâmpadas de lanterna, acesas com pilhas.
Meu pai chegava sempre com um presente, pois me viu crescer em minha infância. Saudosa infância que pude, mais tarde, reviver e dividir com meu filho.
Meu pai não foi bom, nem mau, apenas foi o melhor pai que pode ser. Foi com ele que aprendi a andar de bicicleta, a dar cambalhotas.
Meu pai foi assim, um pai. Lembrei-me dele hoje por todo o dia, me emocionei ao receber um forte abraço de meu filho. Parecia que via meu pai no brilho dos olhos de meu filho.
Meu pai pode ter sido tudo isso, ou só isso, mas foi meu pai. Foi assim, sendo o que pode ser, que me ensinou a ser o pai que posso ser para meu filho.
Meu pai merece esta reflexão neste dia dos pais. Meu filho merece meus agradecimentos por ter me feito ver, perceber e sentir que foi por ele que consegui ser pai.
Agradeço aos dois. Meu pai por ter sido meu pai. Meu filho por ter me permitido ser pai, ser o pai que sou.